Já postei Sexual Healing aqui antes, mas achei este mix tão bom e a música tão apropriada para o dia de hoje, que vale um replay…
Os izakayas estão na moda. E fiquei muito feliz quando abriu um aqui pertinho de casa. Queria muito um lugar que me fizesse sentir em um izakaya no Japão.
Este é o primeiro izakaya que vou em São Paulo. Ainda não conheço nenhum outro (apesar de alguns estarem na lista, com boas recomendações) e sei que estou em falta com isso. Assunto a resolver na minha lista de pendências.
Então no sábado do feriado, resolvi ir conhecer o Jipangu Izakaya. Ele fica em uma casa agradável na Joaquim Távora, rua que tem vários bares legais para tomar só uma cerveja e alguns restaurantes não muito bons.
O ambiente simples, que parece que muitas casas asiáticas parecem compartilhar e seguir o mesmo padrão, com mesas escuras, prateleira no meio do salão com os copos e pratos à vista, alguma coisa que parece que estamos na casa de alguém, conta com uma agradável varanda para os dias quentes e mesas do lado de dentro, onde você pode apreciar as bonitas artes na parede feitas pela artista Érica Mizutani.
Logo na entrada, um aviso que eu já tinha visto ao entrar no site “Não fazemos rodízio”. Ok, acho que ficou claro que vocês querem os clientes que buscam rodízio bem longe de vocês. E nenhum problema quanto à isso, só achei a placa com a sutileza de um elefante…
O atendimento foi bem simpático e eficiente. O garçom conhecia bem e sabia explicar todos os pratos do cardápio. Só foi um pouco desagradável ver, já no final da noite, a colega dele reclamando quando ele aceitou duas clientes já no fechamento da casa. Que sacanagem, foi o que ela disse.
Passadas as considerações iniciais, vamos à comida.
Como um izakaya é essencialmente um lugar para beber, a casa oferece bastante opção de bebida no cardápio, com saquês variados e cervejas. Eu só não encontrei o nama biru, o nosso chopp, tão comum em izakayas no Japão.
Eu pedi um coquetel, o Sakura, feito de licor de umê, saquê, limão e gelo. Não gostei. Achei muito doce e desequilibrado.
Como amuse bouche cortesia da casa, recebemos uma pequena porção de Edamame, aquela soja verde que é uma delícia para tomar com cerveja. Achei simpático e uma boa forma de iniciar o jantar.
Para comer, começamos com o Otsumami Moriawase, uma porção mista de 3 pequenos tapas do dia da casa. Não há escolha, é o que tem no dia, que era Potato Salad, uma salada de batata doce; Tomato Shisô Salada, uma salada de tomate temperada com shissô e Cavalinha marinada em shoyu e dashi.
Dos três, o único que estava realmente gostoso era o peixe. A Potato Salad carecia de sal e a Salada de Tomate parecia quando eu estou com pressa no almoço, corto um tomate, jogo shoyu por cima e como. O shisô passou longe e a salada não tinha nada demais. Com certeza vale mais a pena escolher alguma porçãozinha do cardápio que você realmente queria provar, do que pedir essa mista que não faz jus ao cardápio bacana que eles oferecem.
Passada a decepção inicial, pedimos o Shime Tataki de Carapau, finas fatias do peixe com shoyu, alho, gengibre e shissô. O garçom alertou que não havia carapau no dia, e se podia ser trocado por linguado. Topamos. O peixe estava fresco e o corte correto. Mas também não havia nada demais naquele prato. O sabor do alho e do gengibre estavam tão sutis que foram totalmente encobertos pelo shoyu e pelo sabor forte do shissô (o Thiago ainda encontrou algum alho, eu não tive a mesma sorte). Ok, mas de novo, parecia que o molho do tataki era apenas à base de shoyu.
Acho que o chef percebeu que não estávamos tão felizes assim e mandou de cortesia duas duplas de niguiris de bonito e de buri-toro. Novamente, os peixes estavam bastante frescos e bem cortados. Buri toro nos impressionou, comemos bastante no Japão e não é tão comum encontrá-lo por aqui. Mas mais uma vez a sutileza exagerada dos temperos fez um contraponto com a da placa da entrada: o arroz do sushi quase não tinha tempero. Estava cozido perfeitamente, com uma excelente textura, mas com pouquíssimo tempero. Não gosto nem um pouco do arroz servido em rodízios por aí, excessivamente doce e molenga, mas depois de ter comido o do Japão, senti falta de um pouquinho mais de tempero por aqui.
Ainda bem que não paramos os nossos pedidos por aqui. Se não teríamos tido uma experiência não tão boa no Jipangu. E aos desavisados que vão lá e só provam os pratos frios e saem de lá tristes, eu digo, vá novamente e prove os pratos quentes da casa, aí é onde está a verdadeira vocação do Jipangu Izakaya.
Como temos o olho maior que a boca, pedimos o Okonomiyaki, um tipo de panqueca japonesa com frutos do mar, legumes, molho tonkatsu, maionese, katsuobushi e alga em pó, que é típica das cidades de Osaka e Hiroshima.
Mais uma vez, fomos bem alertados pelo garçom, que nos perguntou se conhecíamos o prato e que a massa dele era bem cremosa, como deve ser. Imagino que muita gente que não conheça possa reclamar da massa, achando que está crua.
Quando chegou o okonomiyaki, lindão, já sabia que prometia coisa boa. E como estava bom. Massa cremosa, camarão e lula em uma boa quantidade, saboroso, bem temperado e bem feito. Bem parecido, aliás, com o que eu tinha comido no Japão. Só esse prato já valeu a visita, pensei.
Mas nós não nos satisfazemos facilmente. Em seguida, pedimos o Buta no miso yaki, Costela de porco cozida com missô, moyashi com nirá e pimenta biquinho.
Que carne!!!!
O cozimento estava perfeito, e a carne estava tão macia que desmanchava só de tocar! Aqui, o cozinheiro acertou na sutileza com o missô. Dava para sentir perfeitamente o gosto do mesmo, mas não a ponto de encobrir o sabor do porco. Uma belezura!
Só os acompanhamentos que decepcionaram um pouco: uma quantidade imensa de moyashi para quase nada de nirá e a pimenta biquinho era desnecessária na minha opinião, mas sei que muita gente gosta.
Mesmo assim, vale a pena pedir só pela carne, boa pacas!
Para finalizar com chave de ouro e sair de lá quase rolando, pedimos o Yakinasu, Berinjela grelhada acompanhada de gengibre, cebolinha e katsuobushi.
Achei o prato muito bem construído, bonito, além de uma delícia!
A berinjela estava muito bem grelhada, com aquele leve gostinho defumado lembrando um babaganoush, mas ainda firme e com todos os temperos lá. Um dos grandes pratos do Jipangu.
De sobremesa só tinha sorvete, resolvemos pular.
O que mais gostei de lá: O Okonomiyaki! Dava para voltar lá para comê-lo agorinha mesmo.
O que não gostei muito: Dos pratos frios, que não são a vocação da casa.
Dica que vale ouro: Se estiver calor, sente do lado de fora. E se sentar do lado de dentro, sente mais próximo da porta de entrada. A música, tocada em um volume muito baixo, deixa você ouvir tudo o que acontece na cozinha, desde a comunicação entre os cozinheiros, até o chão sendo esfregado na hora do fechamento.
Agora quero voltar lá quando der (não é minha top priority list), para provar os outros pratos quentes, como o Karaaguê e o Karê Udon, mas também vou visitar os outros izakayas para ter uma base de comparação.
Jipangu Izakaya (https://www.facebook.com/jipangu.izakaya)
Eles tem site também, mas a página do Face é bem mais completa
Rua Joaquim Távora, 1306 – Vila Mariana – SP – (11) 2384-0424 – Metrô mais próximo: Ana Rosa (1,2km de distância)
Gastamos R$ 140, com todos os pratos que mencionei acima, um coquetel, um refrigerante, uma água e o serviço. Não achei barato, mas comemos bastante.
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